(Em breve informações sobre a pastoral da juventude da paróquia São sebastião)
PARA QUE SERVE UM GRUPO DE JOVENS?
O grupo é a célula elementar da nossa Pastoral da
Juventude. Toda organização da PJ existe em função dos grupos de jovens, isso
não significa que a PJ se reduza a mera união dos grupos de jovens. A missão da
PJ é bem mais ampla e ela tem por objetivo atingir toda juventude e não apenas
os jovens que freqüentam os grupos. A juventude se mostra aberta à mudança e
quando isso é trabalhado de maneira construtiva, oferece muito mais frutos do
que se estivesse trabalhando com adultos que têm uma maior dificuldade em
aceitar o novo e a mudar suas convicções. Mas se os grupos de jovens são apenas
uma pequena parte dos jovens católicos e uma menor ainda do conjunto da
juventude, por que se dá tanta importância a eles? Qual o papel do grupo no
projeto do Reino? Os grupos de jovens,
também chamados de grupos de base, são fruto do acúmulo de experiências
históricas da PJ. Existiram várias experiências de organização da juventude
dentro da Igreja e se chegou a metodologia dos grupos de base por algumas
razões:
1.
Grupos pequenos permitem um maior conhecimento entre
os membros;
2.
É possível desenvolver uma metodologia baseada no
diálogo, na amizade, no amor, no acolhimento, na confiança, na troca de
experiência e no amadurecimento da fé entre os membros do grupo. Já em um grupo
grande, em geral, são pouco os que podem expor suas idéias, cria-se as
“panelinhas”, disputas, troca-se a qualidade pela quantidade (não é que não
queremos muitos jovens, mas queremos, jovens compromissados. Nada impede que
tenhamos vários grupos em um mesmo local;
3.
Há menos rotatividade entre os membros o que permite
que cada jovem cresça em sua fé e compromisso na medida em que vai fazendo uma
caminhada no grupo. O(s) coordenador(es) ou assessor(es) pode(m) acompanhar
melhor seus jovens, ajudando-os em seus problemas e dificuldades e,
principalmente, acompanhar seu crescimento dentro do grupo. Imagine um grupo de
100 jovens... não dá mesmo.
4.
É possível criar uma linha de crescimento, evitando
que o grupo tenha que regredir em seus assuntos, por causa da rotatividade ou
entrada de novas pessoas.
5.
Quando se inicia um grupo, inicia-se também uma
caminhada de conjunto e vivência entre os membros do grupo.
Esta
metodologia tem em vista um objetivo maior em função do Reino de Deus: a
formação de jovens líderes, que sejam fermento na massa. Muitas vezes, a PJ é
questionada por não atingir tantos jovens como os movimentos de juventude. Não
se pode confundir os objetivos da PJ com o dos movimentos. Os movimentos estão
preocupados com a quantidade nós com a qualidade. Um coordenador ou assessor
não pode oferecer um acompanhamento sério aos jovens em um grupo com 50 ou 100
jovens. Como formar estes jovens
líderes? Para formá-los o grupo precisa
ser um espaço de crescimento na fé e no compromisso dos jovens. Ou seja, um
espaço em que os jovens cresçam e assumam um compromisso em favor da causa de
Cristo. Tornar-se um jovem compromissado
não é coisa que acontece de uma hora para outra. É todo um processo que leva
vários anos. O grupo deve ser o espaço em que o jovem é despertado a assumir o
compromisso, que depois frutificará sob a forma de um engajamento na
transformação da realidade, dentro (como coordenador, animador ou assessor) ou
fora da PJ (em outras pastorais ou movimentos).
O
coordenador do grupo é peça chave nesse processo. Deve ser um jovem
compromissado que tenha claro os objetivos da PJ e como alcançá-los. Assim
como, compreender cada etapa de crescimento do grupo e dos jovens e saber
despertar cada jovem segundo o potencial que ele tem a oferecer pela causa do
Reino. Por exemplo, nem todos os jovens, para se tornarem lideranças, deverão
necessariamente tornar-se coordenadores. Uns podem contribuir melhor pela sua
capacidade de atrair os jovens através da música, outros com teatro; outros
podem ajudar pela sua capacidade de organização e responsabilidade; uns pela
capacidade de ouvir e perceber os problemas dos outros. Enfim, são vários os
dons e o coordenador deve saber colocar cada um para que opere como uma grande orquestra,
em que cada instrumento, tocando de forma coordenada, produz uma linda
sinfonia. Todos, entretanto, devem
crescer em sua fé e compromisso.
Um jovem
que passa vários anos em um grupo sem avançar um centímetro, simplesmente
perdeu seu tempo. Se tratar de um grupo, muito pior! Existem grupos que nascem
e morrem sem que tenham formado um jovem líder sequer e isso é uma pena. Essas
coisas ocorrem, muitas vezes, por falta de um coordenador ou assessor preparado
ou porque o grupo faz uma caminhada descolada da PJ de conjunto (não conhece
sua metodologia e material). Um dos grandes erros que percebemos nos jovens
coordenadores é a falta de conhecimento e, pior ainda, a falte de vontade em
aprender mais. O processo de crescimento dos jovens se realiza por etapas.
Estas não devem ser entendidas como momentos estanques ou como um processo
evolutivo em que uma necessariamente se segue a outra. Várias etapas podem
ocorrer ao mesmo tempo, ou em uma outra ordem que a sugerida aqui. Nós só
adotamos esta forma de exposição, por motivos didáticos:
1. Etapa de socialização: é o primeiro contato com o grupo em que o mais
importante é fortalecer a coesão grupal e a amizade entre os membros. Nesta
etapa o coordenador busca melhorar o entrosamento entre os jovens através de
muitas dinâmicas, brincadeiras, dias de lazer, etc. É a chamada “fase
cor-de-rosa” em que tudo no grupo é novidade e descoberta e o jovem se sente
acolhido pelo grupo. Aos poucos são introduzidos elementos da metodologia da PJ
como a discussão em grupo, e o método VER-JULGAR-AGIR . Os temas giram em torno
do cotidiano do jovem e de questões mais pessoais como namoro, família,
amizade, sexo, drogas, etc. As atividades do grupo têm um caráter mais
assistencialista como a visita à creches, asilos, campanhas para arrecadar
alimentos, etc. É importante que o coordenador leve os jovens a irem
questionando as causas dessas situações e a perceberem as dimensões religiosas
e sociais dos problemas.
2. Etapa de aprofundamento: o jovem vai descobrindo qual é o projeto que Deus reservou para ele
através de um maior aprofundamento da Bíblia e do conhecimento do projeto de
Cristo. Cada vez mais o coordenador vai introduzindo uma reflexão bíblica à luz
da realidade. Busca-se reforçar os momentos de espiritualidade, promover alguns
retiros de oração ou de estudo bíblico, por exemplo. É importante que se use
cantos ligados à realidade do povo e que ajudem na compreensão mais exata sobre
a realidade do povo de Deus. Os jovens devem conhecer a pessoa de Jesus e o seu
projeto não só através da reflexão mas também através do testemunho pessoal do
coordenador e de outros membros da comunidade. Aos poucos eles vão abandonando
uma fé de simples devoção, de herança familiar e assumindo uma fé mais
comprometida.
3. Etapa de comunhão: em que os jovens vão descobrindo-se parte da igreja local, paróquia ou
comunidade e que o grupo tem um papel a desempenhar na Igreja de conjunto. Os
jovens vão assumindo algumas tarefas na comunidade: liturgia, festas,
catequese, etc. É importante que os jovens percebam também a especificidade do
grupo e não acabem sendo “engolidos” pelas tarefas que assumem. Ou seja, que se
transforme em um grupo cuja única função é animar as celebrações, por exemplo.
Como existe falta de pessoas que se dediquem às atividades da comunidade, logo
os jovens acabam assumindo uma série de tarefas, acabam virando
“pau-pra-toda-obra”. Isto pode significar a morte do grupo ou de seu processo
de crescimento, o que dá na mesma. O coordenador deve perceber a importância da
vida comunitária, mas que a missão dos jovens transcende os muros da igreja;
ela está voltada para transformação da juventude e do mundo.
4. Etapa de descoberta: o jovem vai avançando em sua consciência através da discussão de temas
e de ações que envolvem o meio social em que ele vive. Nesta etapa o grupo
passa a refletir mais sobre temas como o desemprego, a fome, a política, etc.,
e a assumir atividades que têm em vista a mudança social. Também é nesta fase
que se passa por um aprofundamento maior na fé e na Igreja. O grupo começa a
entender a importância de fazer parte do corpo de Cristo e da PJ. Descobre
também a importância da Formação Integral e das Etapas de Crescimento. Em
geral, o grupo passa a viver uma crise em conseqüência dos compromissos que
assume. Passa a enfrentar a oposição de alguns jovens da Igreja e de fora da
Igreja. Os jovens que só querem saber de diversão, ao perceberem as mudanças no
grupo, acabam se afastando ou criticam o coordenador. Muitos definem
determinadas atividades no grupo, “mas na hora, só uma meia dúzia assume...
Tudo isso caracteriza um momento de crise no grupo. A crise pode ser positiva
na medida que indica uma transformação que está acontecendo no grupo. É hora de
separar o “o joio do trigo”, aqueles que realmente estão comprometidos com o
projeto de Jesus ficam, outros saem. Mas isso não significa necessariamente um
perda, significa que aqueles que saíram foram até o limite do que podiam
oferecer. Levarão sempre consigo as coisas que aprenderam no grupo e é até
possível que voltem depois de um tempo. Os que ficam, aprenderão que estar no
caminho do Reino exige renúncias e muita disposição para lutar. Na medida,
porém, que começam a recolher os frutos de suas ações sentem-se recompensados e
novamente cheios de esperança.
5. Etapa da Maturidade / Compromisso: nessa fase o grupo pode assumir vários projetos de transformação da
juventude – individual ou coletivamente. Pode-se optar, por exemplo, pela
formação de novos grupos, além de dar continuidade às ações que já vinham
desenvolvendo. Cada grupo decidirá o que fazer de acordo com as exigências de
sua realidade. Aqui abre-se um vasto caminho de engajamento dentro ou fora da
Igreja. A PJ está fervilhando de novas experiências, de novos caminhos que os
jovens estão buscando de compromisso com a transformação social. O grupo se
transforma numa sementeira de novos grupos, pronto para crescer e frutificar.
Os jovens devem procurar manter o vínculo, e ajudar-se mutuamente, celebrando
juntos e aprofundando na fé. Em todas as fases, o acompanhamento de um assessor
é fundamental.
Fonte:
Leandro Xavier Lack
Assessor da PJE – Colégio N.S.
Mercês
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