Pastoral da comunicação
Uma paróquia que organiza a sua comunicação presta um
serviço de alta qualidade, preparando-a para dar uma resposta madura e objetiva
aos desafios atuais.
Nesta época, em que a comunicação está no centro das
atividades humanas, ninguém pode ficar sozinho ou isolar-se. A comunicação pode
ser uma ponte que abre novas possibilidades, também para a comunidade cristã.
É NECESSÁRIA
Comunicar-se, além de ser uma arte, é uma necessidade humana
para estabelecer relações. Desde sua origem, a Igreja Católica acompanha todas
as iniciativas humanas que fortalecem os vínculos relacionais com o próximo e
com Deus. Comunicar é tornar comum o conhecimento e as realidades.
Desde a criação do mundo temos a prova da comunicação divina
com a obra criada:
- a existência do ser humano. Deus fez o homem e a mulher
dotados de inteligência para administrarem a terra, criando relações
construtoras de solidariedade, de justiça e de Paz! O crescente desejo de
crescimento do ser humano faz com que ele busque e leve a informação, fazendo
transparecer seus dons.
NA IGREJA
Afirmamos que evangelizar é comunicar. Comunicamos a mensagem
de Jesus Cristo, perfeito comunicador do Pai. Não se trata apenas de transmitir
informações sobre a pessoa de Jesus Cristo, mas de comunicar/anunciar os
valores fundantes do Reino, com a missão de fazer com que todos se tornem
discípulos seus, novos anunciadores e continuadores de sua obra.
Podemos perceber, acompanhando o curso da História da
Igreja, que inúmeras manifestações sempre se fizeram presentes nas igrejas,
atendendo o desejo de comunicar a Palavra:
- vitrais, sinos, liturgia, teatro, torres, cantos, corais e
demais manifestações de um tempo e espaço restrito, em que a comunicação era
mais lenta e abrangia apenas um grupo mais próximo.
Porém, o século passado nos empurrou ao encontro de novas
tecnologias, mais rápidas e eficazes para acompanhar os avanços da sociedade e
empregá-las a serviço da evangelização. Assim, como em todos os segmentos da
sociedade, resistências continuam sendo vencidas para se atingir eficazmente a
missão.
“INTER MIRIFICA”
Em 2003, a Igreja comemorou os 40 anos do Decreto Conciliar
para as Comunicações Sociais, a Inter Mirifica (Entre as maravilhas). De fato,
entre as maravilhas criadas no mundo, frutos da inteligência humana, dom de
Deus, estão os meios de comunicação social.
O Decreto Inter Mirifica, na sua motivação, afirma:
“O engenho humano, usando as forças naturais, por disposição
divina alcançou maravilhosas conquistas técnicas nos dias de hoje. Sendo mãe, a
Igreja se preocupa, de maneira toda especial, com o que se relaciona mais
diretamente com a mente humana: a comunicação das maneiras de ser e de pensar
que foram imensamente facilitadas pelos caminhos jamais suspeitados que se
abriram para transmitir toda espécie de mensagem.
Dentre esses, merecem especial atenção os meios que atingem
não apenas indivíduos isolados, mas a multidão no seu conjunto, toda a
sociedade humana. Destacam-se, entre eles, a imprensa, o cinema, o rádio, a
televisão e outros do mesmo gênero que se denominam meios de comunicação
social”.
Há 42 anos escreveu-se isso na Inter Mirifica. Hoje tudo
isso é enriquecido pela tecnologia de ponta e por toda a forma de transmissão
de conteúdos, seja por meio analógico ou digital, convencional ou na velocidade
rápida oferecida pela fibra ótica.
A SERVIÇO DA VIDA
Olhando para a comunicação, a Igreja busca acompanhar
atentamente a transmissão de conteúdos que edifiquem a pessoa humana. Não se
trata apenas de transmitir conteúdos, mas de colaborar para que o conhecimento
humano cresça. Diante do direito à informação, a Igreja também se apresenta
como formadora de opinião. O Decreto Inter Mirifica apresenta uma abordagem
própria referindo-se aos “deveres dos autores”:
Assessores da Pastoral da Comunicação da CNBB junto com o
Bispo referencial, Dom Orani João Tempesta
“As principais exigências morais no que diz respeito aos
meios de comunicação social recaem sobre os jornalistas, escritores, autores,
diretores, editores, programadores, distribuidores, vendedores e críticos,
todos, enfim, que participam da produção e da transmissão. [...] Compete-lhes
satisfazer às exigências econômicas, políticas e artísticas de modo a favorecer
e nunca prejudicar o bem comum. [...] Cuidem especialmente para que as
comunicações relativas à religião sejam feitas com o devido respeito, por
pessoas capazes e competentes”.
A Igreja, para ajudar na formação dos profissionais da
comunicação, desde 1936, com a Carta encíclica do Papa Pio XI, Vigilanti Cura,
sobre o cinema, vem colocando por escrito seus ensinamentos referentes aos temas
da comunicação social.
DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES
Cada ano a Igreja celebra o Dia Mundial das Comunicações (na
Festa da Ascensão), sempre com uma carta do Papa para ser refletida e estudada
neste dia. Este ano celebramos sua 39a edição, com o lema:
“Os Meios de Comunicação a serviço do entendimento entre os
povos”.
O Papa João Paulo II, em sua Carta para o Dia Mundial de
1997, recordou a necessidade da formação sadia que devem ter os profissionais
da comunicação:
“A formação do comunicador cristão deve estar nas
habilidades técnicas, ética e moral, com atenção às normas para a vida
profissional e destaque à formação para a vida interior, a vida do Espírito”.
Aqui no Brasil, em 1898, já temos a fundação da primeira
editora de inspiração católica (Editora Ave Maria). De lá para cá, inúmeras
iniciativas vêm atendendo ao ardente desejo do homem de comunicar(-se).
PASCOM
Assim, na Igreja temos a Pastoral da Comunicação que se
preocupa com tudo o que foi refletido. A PASCOM é um serviço à comunicação
feita e recebida na comunidade. Relaciona-se com a imprensa comercial para
divulgar a imagem pública da Igreja. Estuda e reflete os documentos da Igreja
que tratam sobre a comunicação, bem como procura estabelecer critérios para a
formação dos agentes a fim de que assumam a Pascom como um apostolado e não
apenas no aspecto funcional e técnico do uso dos meios.
As dificuldades financeiras, não podemos esquecer,
dificultam uma maior velocidade e eficácia da comunicação na Igreja, por ela
não estar aliada a grandes grupos internacionais de patrocínio. Permanece o trabalho
de continuar investindo, com as forças que se têm, para que a evangelização
aconteça nos e pelos modernos meios de comunicação social.
Como organizar a Pastoral da Comunicação
Ir. Élide Maria Fogolari
Assessora de comunicação social da CNBB
Jornalista e Mestra em ciências da comunicação pela ECA/USP
A Pascom – Pastoral da Comunicação se estrutura a partir de
dois Documentos, a Instrução “Aetatis Noavae” e estudos da CNBB, n° 75, Igreja
e comunicação. Estes Documentos são fundamentais e básicos para realizar o
planejamento, animar e articular a PASCOM nos Regionais, Dioceses, Prelazias e
Paróquias na Igreja do Brasil enquanto processos e meios de comunicação.
A Instrução Aetatis Novae propõe, também, 03 estratégias
prioritárias: a criação de grupos da PASCOM nos Regionais, nas Dioceses, nas
paroquiais e a articulação para uma comunicação democrática, dialógica e
participativa.
No Documento n° 75 da CNBB, a PASCOM encontra a definição da
Pastoral da comunicação, de forma clara, objetiva e sintética. E explicita que,
“É a pastoral do ser/estar em comunhão/comunidade. É a pastoral da acolhida, da
participação, das inter-relações humanas, da organização solidária e do
planejamento democrático do uso dos recursos e instrumentos da comunicação. Não
é uma pastoral a mais, mas aquela que integra todas as demais pastorais”.
O Documento continua na sua reflexão e situa a posição da
PASCOM no conjunto das demais pastorais da Igreja e explicita: “A PASCOM
perpassa, pela própria razão de ser, as ações das demais pastorais, animando-as
e colocando-se a serviço, tendo como referencial programático a Pastoral de
Conjunto”.
No entanto, as reflexões e o olhar da Igreja sempre
acompanharam o surgimento dos novos meios de comunicação que foram emergindo na
sociedade e interferindo nas novas formas de relações.
Foi a partir do surgimento da imprensa, que a Igreja deu
inicio a promulgação de Documentos que orientam, indicam caminhos que pautam
como os meios de comunicação se inserem na sociedade segundo as orientações
humanas e cristãs.
Bem no início do surgimento da imprensa, 25 de novembro de
1766, o papa Clemente XII promulgou a encíclica Christianae republicae, a única
que, até hoje, trabalha os problemas ligados à literatura e às publicações em
geral.
No entanto, a PASCOM pode refletir e encontrar referências
em outros Documentos promulgados pela Igreja Católica, que indicam quais os
caminhos para os meios e processos de comunicação da ação pastoral na Igreja.
Foram os seguintes:
12 cartas Encíclicas, Decretos e Instruções sobre as
comunicações
42 Mensagens dos papas por ocasião do Dia Mundial das
Comunicações Sociais.
06 outros Documentos do Concílio Vaticano II
06 Documentos da Igreja que em alguns momentos a comunicação
esteve presente
05 Documentos da Igreja na América Latina a comunicação foi
trabalhada
Em 30 Documentos e Estudos, A CNBB – Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil refletiu e indicou a comunicação como ação pastoral
indispensável da Igreja
Outros Documentos, como de Quito, Embu, Carta aos
comunicadores pautaram a comunicação. (Dariva, Noemi(org.) Paulinas, 2003. São
Paulo)
http://www.presbiteros.com.br/site/como-organizar-a-pastoral-da-comunicacao/
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